IOT: Onde os mundos físico e digital se encontram

 

Você já ouviu falar em Internet das Coisas (IOT – Internet of Things)? Um tópico de crescente importância em ambientes empresariais, mas que também opera na vida particular. Trata-se de um choque entre o mundo físico e o digital, no qual objetos comuns do cotidiano estão interligados à internet. Essa revolução tecnológica está em constante renovação e já é possível ver transportes, relógios e até vestuários com conexão à rede. O principal objetivo é otimizar o dia a dia e melhorar a produtividade no âmbito individual e no coletivo.

As “coisas” ligadas à internet possuem dispositivos que coletam e enviam informações do ambiente em que estão localizadas, comunicando-se com outros dispositivos. A intervenção humana muitas vezes é pequena, resumindo-se basicamente na configuração dos aparelhos, que passam a operar automaticamente. A expansão da IOT é visível principalmente quando se nota a quantidade de novos produtos lançados no mercado com capacidade de acesso remoto e o avanço de smartphones a cada atualização.

Logicamente podemos exemplificar com os aparelhos eletrônicos mais conhecidos, como celulares, TVs, computadores e caixas de som sem fio, mas vamos além. Um exemplo mais curioso que reporta ótima utilidade para as pessoas são as roupas de alta tecnologia. Já é possível, por exemplo, cuidar de bebês à distância devido a uma engenhoca que acopla um dispositivo à roupa deles. O dispositivo permite monitorar respiração, movimentos e posição da criança e que se assemelha a um botão. De forma semelhante, há camisetas que possuem sensores para transmitir informações de pulsações, respiração, batimentos cardíacos e até o nível de stress, perfeitas para esportistas e atletas. Os dados são enviados para celulares, relógios e outros aparelhos eletrônicos, de acordo com as configurações específicas.

Nas cidades, é possível encontrar a IOT em várias formas, seja em radares, painéis eletrônicos com indicativos de hora e temperatura e ônibus com WiFi e GPS embutidos. Com o uso de sensores, o motorista pode até evitar rotas congestionadas, facilitando o trânsito. Equipamentos de serviços públicos são instalados a todo instante e ideias inovadoras sempre aparecem, como o Soofa Bench, que surgiu nos Estados Unidos em 2014. São bancos de praça com entradas USB para carregar celular a partir de energia solar e que possuem outras utilidades. Seus sensores monitoram o ambiente ao redor, avaliando o nível de barulho e qualidade do ar, disponibilizando as informações para consulta.

Com a criatividade à solta, é difícil estimar o número de aparelhos conectados à internet que já existem, mas uma pesquisa da empresa Gartner indica que eles devem chegar a mais de 26 bilhões até 2020. Estamos entrando na era da IOT e o relacionamento do homem com o mundo digital afeta o modo como a sociedade se comporta, influenciando inclusive mercados e o setor industrial.

O impacto da IOT no mercado

Como assunto em pauta, a IOT tem grande impacto no universo empresarial, seja por incitar a concorrência por produtos cada vez mais tecnológicos ou pelo lucro que o investimento nela retorna. Além disso, ajuda no monitoramento e fortalecimento da produtividade e está mudando todo o ciclo mercadológico.

Para os varejistas, as vantagens são facilmente perceptíveis. Com o avanço da IOT, é possível monitorar a cadeia de suprimentos, administrar inventários, desenvolver promoções personalizadas ao público e relatórios de vendas, entre outras tarefas. E nunca foi tão possível acompanhar a percepção do público referente aos produtos como agora, melhorando a experiência de compra e permitindo incentivar o interesse em tempo real. Os beacons são alguns dos mecanismos que permitem essas facilidades, interagindo com os clientes e disparando ofertas de acordo com os setores das lojas. A adoção de equipamentos voltados à IOT está em expansão e tende a crescer à medida que as tecnologias fiquem economicamente mais acessíveis, promovendo vantagens a lojistas e consumidores.

Algumas pesquisas comprovam essa tendência. Segundo a Retail Systems Research (RSR), 54% dos varejistas com crescimento de vendas acima da média acreditam que a IOT irá afetar a forma de negócios nos próximos três anos. Já a Juniper Research apontou em 2015 que serão investidos $ 2.5 bilhões em hardwares e custos de instalações ligados à IOT até 2020. No mesmo período, um relatório da MarketsandMarkets demonstrou a diferença na representação de mercado da IOT: de $ 14.85 bilhões em 2015 para $35.64 bilhões em 2020, um aumento anual de mais de 20%.

Economistas também estão fazendo suas previsões, como o norte-americano Jeremy Rifkin, que lançou o livro “The Zero Marginal Cost Society: The Internet of Things, the Collaborative Commons, and the Eclipse of Capitalism” (A Sociedade Do Custo Marginal Zero: A Internet das Coisas, Os Bens Comuns Colaborativos E O Eclipse do Capitalismo). Ele afirma que o capitalismo perderá espaço para um sistema híbrido em que a economia colaborativa irá se misturar ao mercado capitalista e que a vantagem estará nas mãos da Alemanha e da China. Para Rifkin, esse mercado colaborativo será possível graças à IOT, uma vez que os produtos conectáveis estarão no topo dessa relação.

A IOT parece ser a chave para uma nova revolução industrial. A conectividade tem tudo para aumentar exponencialmente os níveis de produtividade e eficiência, reduzindo gastos e favorecendo empresas e consumidores. As vantagens estão nítidas, mas como será o impacto negativo dessa tecnologia toda? Há quem aponte que o serviço das máquinas irá substituir o homem e aumentar o desemprego. Pode ser, mas pode abrir novas oportunidades. O certo é que o mundo terá que se adaptar a uma nova era e novas regras. Com o mercado em atual adaptação, os rumos finais e os níveis de transformação que os aparelhos e dispositivos conectáveis irão projetar à sociedade ainda estão a caminho.